Deputado do PSOL-RJ ocupou cadeira da presidência em reação à pauta que inclui sua cassação, processos de Zambelli e Ramagem e redução de penas de envolvidos nos atos de 8 de janeiro

Brasília – 9 de dezembro de 2025 – O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força do plenário da Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira (9) após ocupar a cadeira da presidência da Casa em protesto contra a pauta anunciada pelo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB).
A sessão foi marcada para esta quarta-feira (10) inclui simultaneamente:
- o processo de cassação de Glauber Braga (por ter chutado um militante do MBL em 2024);
- os processos de cassação de Carla Zambelli (PL-SP) e Delegado Ramagem (PL-RJ), já condenados pelo STF;
- projeto que reduz penas dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro – medida que, segundo opositores, pode beneficiar Jair Bolsonaro com apenas dois anos de inelegibilidade.
“Que me arranquem desta cadeira e me tirem do plenário”, desafiou Glauber ao subir na mesa diretora.
Menos de uma hora depois, agentes da Polícia Legislativa retiraram o deputado à força. A TV Câmara cortou imediatamente a transmissão ao vivo e a imprensa foi obrigada a deixar o plenário e as galerias. Até o fechamento desta reportagem, não havia confirmação oficial se a ordem partiu diretamente de Hugo Motta.
Imagens gravadas por parlamentares mostram Glauber sendo carregado por seguranças com a camisa rasgada. Levado ao Salão Verde, ele concedeu entrevista ao lado de deputados da base do governo:
“Com os golpistas que sequestraram a mesa por 48 horas em agosto, sobrou docilidade. Comigo, que fiquei poucas horas, já veio porrada. O que está acontecendo é uma ofensiva golpista: cassação minha com oito anos de inelegibilidade, anistia disfarçada para Bolsonaro pegar só dois anos e manutenção dos direitos políticos de Eduardo Bolsonaro. Hoje fazem comigo, amanhã fazem com qualquer força popular e democrática.”
Resposta de Hugo Motta
Em nota publicada no X (ex-Twitter), o presidente da Câmara classificou a atitude de Glauber como “reincidente” – citando greve de fome anterior em comissão – e afirmou:
“O agrupamento que se diz defensor da democracia, mas agride o funcionamento das instituições, vive da mesma lógica dos extremistas que tanto critica. (…) Temos que proteger a democracia do grito, do gesto autoritário, da intimidação travestida de ato político.”
Motta informou ainda que determinou apurar eventuais excessos no tratamento à imprensa durante o episódio.
A votação dos processos de cassação e do projeto de redução de penas está confirmada para esta quarta-feira (10). Lideranças do PSOL, PCdoB e parte do PT prometem obstrução total da sessão.

