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Câmara decide suspender Glauber Braga por seis meses e evita cassação do mandato

Brasilia/DF – 10/12/2025 – POLITICA – Câmara dos Deputados vota processo de cassação do Deputado Glauber Braga. Foto: Kayo Magalhaes/Agencia Camara

O plenário da Câmara dos Deputados decidiu, na noite desta quarta-feira (10), suspender o mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) por seis meses. A medida — aprovada por 318 votos a favor, 141 contra e três abstenções — afastou o risco de cassação e garantiu que o parlamentar mantenha seus direitos políticos.

A decisão encerra um processo que vinha ganhando tensão nas últimas semanas, especialmente após a recomendação do Conselho de Ética pela cassação do deputado por quebra de decoro parlamentar. Glauber foi acusado de agredir Gabriel Costenaro, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), durante uma manifestação em abril de 2024.

Alternativa à cassação

Para avançar, tanto a cassação quanto a medida alternativa precisariam de no mínimo 257 votos. Em uma votação preliminar, os deputados optaram por priorizar a suspensão de seis meses em vez da perda definitiva do mandato — foram 226 votos pela preferência e 220 contra.

A proposta de suspensão foi apresentada por Lindbergh Farias (PT-RJ) e contou com apoio de parlamentares de siglas diversas, como PSD e MDB. Deputados favoráveis à alternativa afirmaram que, embora Glauber tenha errado, a cassação seria uma punição desproporcional.

“Isso não é motivo de cassação”, declarou Hildo Rocha (MDB-MA).
Laura Carneiro (PSD-RJ), mesmo sendo oposição ao PSOL, também apoiou a suspensão. “Glauber erra muito. Mas sua mãe estava na UTI. Eu reagiria também a provocações”, afirmou.

Fausto Pinato (PP-SP) reforçou o entendimento de que a suspensão seria uma resposta mais equilibrada.

Defesa e críticas

Antes da votação, Glauber Braga fez um pronunciamento emocionado no plenário. Ele afirmou que reagiu após o militante do MBL ofender sua mãe, que estava internada em estado grave na UTI. “Calar o mandato de quem não se corrompeu é sim uma violência”, declarou.

A defesa do parlamentar também veio de aliados, como Chico Alencar (PSOL-RJ), que destacou que Glauber não responde a outros processos, e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que questionou a proporcionalidade da cassação. Ela comparou o caso com o de Carla Zambelli (PL-SP) — também em análise no plenário — e afirmou que as situações são incomparáveis.

Por outro lado, o relator do processo, Paulo Magalhães (PSD-BA), manteve sua posição pela cassação. Deputados como Kim Kataguiri (União-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) também defenderam a punição máxima. Kataguiri alegou que “não há comprovação” de ofensas à mãe de Glauber, enquanto Nikolas acusou o deputado de mentir sobre o episódio.

Confusão na véspera da votação

Na terça-feira (9), véspera da decisão, Glauber protagonizou um momento tenso ao ocupar a cadeira da presidência da Câmara em protesto contra o avanço do processo de cassação. O deputado foi retirado à força pela Polícia Legislativa Federal. O ato ocorreu após o presidente Hugo Motta anunciar que levaria ao plenário os processos de Glauber, Carla Zambelli e Delegado Ramagem — todos independentes entre si.

“Que me arranquem desta cadeira e me tirem do plenário”, disse Braga antes de ser removido.

Entenda o caso

Em abril de 2024, o Conselho de Ética aprovou, por 13 votos a 5, o parecer pela cassação de Glauber Braga. O processo foi movido pelo partido Novo, que acusou o deputado de agredir Gabriel Costenaro durante uma manifestação relacionada à regulamentação dos motoristas de aplicativo.

O parlamentar alegou que reagiu após uma sequência de provocações e ofensas pessoais.

E agora?

Com a decisão, Glauber Braga será afastado de suas atividades parlamentares por seis meses, mas mantém o mandato e a elegibilidade. A suspensão representa um meio-termo entre os grupos que defendiam uma punição e aqueles que consideravam a cassação injusta.

O caso segue repercutindo no Congresso e no cenário político nacional, expondo novas divisões internas entre partidos e blocos.

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