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Parece ficção, mas é real: Vereador vota contra própria emenda após elogio da oposição

“Foi erro meu”: vereador do PL apresenta emenda, oposição elogia e ele mesmo manda votar contra a própria proposta

Vereador Eder Borges (PL), líder do governo Rafael Greca. Foto: Júlia Schneider/CMC
Vereador Eder Borges (PL), líder do governo. Foto: Júlia Schneider/CMC

Aconteceu em Curitiba, mas a cena é tão surreal que parece um desses episódios que poderiam ser atribuídos claramente à Câmara Municipal de Sucupira, cidade fictícia do dramaturgo Dias Gomes em “O Bem-Amado”. O vereador Eder Borges (PL), líder do governo Rafael Greca, protagonizou na última terça-feira (9) uma cena digna de teatro do absurdo— e sem ensaiar.

Autor de uma emenda ao projeto do novo PSS (Processo Seletivo Simplificado) da Prefeitura, Eder propôs aumentar de 40 dias para sete meses o intervalo mínimo entre um contrato temporário e outro do mesmo servidor. Na justificativa da emenda, o próprio vereador escreveu que reduzir o prazo de 24 meses (regra atual) para apenas 40 dias “pode fragilizar o caráter excepcional da contratação temporária, aproximando-a de vínculos de natureza permanente”.

Até aí, tudo certo: a emenda parecia até razoável e alinhada com o discurso de boa gestão pública.

Mas aí veio a votação.

Quando a emenda foi colocada em discussão, a vereadora Camila Gonda (PSB), da oposição, elogiou a proposta e disse que a bancada do PT também apoiava. Foi o suficiente.

Eder Borges tomou o microfone e, sem corar, declarou:

“Essa emenda hoje foi elogiada pela vereadora Camila, parece que tem o apoio da bancada do PT, o que me faz perceber que trata-se de um equívoco essa emenda e eu vou encaminhar voto contrário à minha própria emenda.”

Sim, você leu direito. Ele apresentou, justificou, defendeu por escrito e, no momento da votação, mandou a base inteira do prefeito votar contra a própria emenda dele porque a oposição gostou.

A base governista, óbvio, obedeceu: a emenda foi rejeitada e o plenário caiu na gargalhada. Alguns vereadores da situação riam abertamente, enquanto a oposição só balançava a cabeça, sem acreditar no que acabara de ver.

O projeto original da Prefeitura, que reduz o intervalo para apenas 40 dias, foi aprovado sem dificuldades. Com isso, fica mais fácil renovar contratos temporários quase ininterruptamente, aproximando o PSS de uma “contratação permanente sem direitos”, exatamente o que a emenda de Eder dizia querer evitar.

No fim, a emenda morreu vítima de um critério infalível na Câmara de Curitiba: se a oposição apoia, é porque está errado.

Curitiba que se vire com mais uma leva de temporários eternos. E Eder Borges entra para a história como o vereador que tem alergia a elogio de adversário.

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