
Foto: Divulgação UFRN
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) alcançaram um marco importante na virologia ao identificar potenciais regiões antigênicas e imunogênicas do circovírus humano tipo 1 (HCirV-1), um vírus de DNA de fita simples até então restrito a animais. A descoberta foi realizada em parceria com cientistas internacionais e publicada no International Journal of Surgery (fator de impacto 12,5). O vírus foi detectado pela primeira vez em uma paciente transplantada de coração e pulmão, que buscava tratamento para hepatite crônica na França.
Os resultados revelaram 138 mutações no gene do capsídeo viral, estrutura responsável pela entrada do vírus nas células. Para o professor Jonas Ivan, do Departamento de Biofísica e Farmacologia (DBF/UFRN), o achado acende um alerta para a saúde pública, especialmente para pacientes imunossuprimidos ou com doenças hepáticas. A pesquisa foi conduzida pela doutoranda Maria Karolaynne da Silva, do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica e Biologia Molecular (PPGBqBM/UFRN), com apoio do Núcleo de Processamento de Alto Desempenho (NPAD/UFRN), que forneceu infraestrutura para análises de modelagem molecular em larga escala.
Além de ampliar o conhecimento sobre doenças emergentes, o estudo abre perspectivas para o desenvolvimento de imunodiagnósticos e vacinas específicas contra o HCirV-1. A equipe já planeja novos experimentos pré-clínicos em células e modelos animais para confirmar a capacidade de infecção do vírus e validar as predições computacionais. Caso os resultados se confirmem, será possível avançar na criação de protótipos de vacinas de mRNA, em linha com as tecnologias mais modernas da imunologia.