O senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do governo Bolsonaro, recebeu em 2018 uma doação de R$ 10 mil do advogado Nelson Williams, alvo de uma operação da Polícia Federal deflagrada no último dia 12. À época, Marinho tentava a reeleição pelo PSDB, mas acabou derrotado.
A operação prendeu Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, acusado de chefiar um esquema que fraudava filiações de aposentados para aplicar descontos indevidos. Segundo a PF, Williams teria atuado na lavagem de dinheiro do empresário Maurício Camisotti, considerado beneficiário final de três entidades envolvidas no esquema.
De acordo com as investigações, o advogado ajudou a movimentar cerca de R$ 4,3 bilhões em operações suspeitas entre 2019 e 2024.
CPMI do INSS e embates políticos
No Congresso, o caso gerou novos atritos na CPMI do INSS. O deputado Rogério Correia (PT-MG) afirmou no dia 13 que a comissão enfrenta dificuldades justamente quando começa a apurar a responsabilidade de ex-ministros de Bolsonaro, entre eles Rogério Marinho.
“A CPMI do INSS começou a pegar os bolsonaristas de cheio. Os ex-ministros Marinho, Ônix e Paulo Guedes sabiam de tudo e Bolsonaro também. Agora o ministro do STF, terrivelmente evangélico, dispensou o Careca de ir contar a verdade. Quer proteger a tropa?”, escreveu Correia no X (antigo Twitter), criticando a decisão do ministro André Mendonça, que liberou o Careca do INSS de depor na comissão.
Antes disso, no dia 8, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) já havia pedido a exclusão de Rogério Marinho da CPMI, alegando possível conflito de interesse, mas a solicitação foi rejeitada pelo presidente da comissão, Carlos Viana (PODE-MG), aliado do bolsonarismo.
Ligação com a Previdência
Rogério Marinho foi secretário nacional de Previdência na primeira metade do governo Bolsonaro e, posteriormente, ministro do Desenvolvimento Regional. O vínculo de sua campanha com um dos investigados reacende o debate sobre a influência política no esquema que pode ter desviado bilhões da Previdência Social.
